A música acaba algumas vezes sendo relegada a segundo plano ao organizar-se um casamento ou qualquer outra comemoração. E o que muitos não sabem é que dela dependerá, em grande parte, o sucesso de uma festa e a satisfação de seus convidados!
Começarei dizendo que a escolha do repertório, assunto que gera muitas dúvidas, é uma responsabilidade que deve sempre ser compartilhada entre quem organiza a comemoração (assessores ou noivos, por exemplo) e quem é contratado para cuidar da música de uma cerimônia ou festa.
Cerimônias religiosas requerem cuidado especial, já que o repertório deve estar em harmonia com a seriedade que este momento exige, o que não significa que não possam ser escolhidas canções populares. Aquela música marcante pode, sim, ser escolhida, desde que a mensagem da poesia esteja em sintonia com o momento e, tão importante quanto isto, que os músicos preparem um arranjo que a amalgame, com sutileza, à cerimônia.
É interessante evitar músicas com sequências muito repetitivas, como “Only Time” (Enya), e privilegiar aquelas que tenham partes contrastantes. Sugiro também evitar clichês: ao invés de escolher “All I Ask Of You”, tema do musical Fantasma da Ópera, por que não optar por “Music Of The Night”, do mesmo musical, muitíssimo mais bonita e incrivelmente menos tocada?
Uma dica útil é escolher ao menos quatro músicas para o momento dos cumprimentos, evitando tantas repetições e, desse modo, criando um interesse a mais a quem apenas assiste a celebração. Lembre-se também de que, quanto mais novos são os pajens ou daminhas, mais delicadas devem ser as melodias escolhidas, a fim de evitar que os pequenos se assustem ou disparem no meio da passadeira. E, se você quiser tocar U2 em sua cerimônia, que tal aproveitar a saída para fazê-lo?
Quem está cuidando dos preparativos de uma festa deve ter em mente que um casamento é sinônimo de pluralidade de faixas etárias, o que já não ocorre em uma comemoração de Bodas de Prata ou Ouro, onde a música deve apenas estar em harmonia com os protagonistas da festa. Em casamentos, o repertório deve ser abrangente, demonstrando a preocupação em agradar a todos os convidados. Por sua vez, músicos e DJs devem saber que, embora seu objetivo seja agradar a todos os convidados, tudo em uma festa tem o seu momento certo: nada mais desagradável que música em alto volume ao iniciar-se um coquetel ou seleções dançantes durante o jantar.
Bossa nova, jazz e clássicos populares em geral são sempre bem-vindos durante coquetéis, jantares ou mesmo em festas de caráter mais tranqüilo. Essas são ocasiões nas quais não se deve impor nada aos convidados, ou seja, o mais importante é criar um ambiente agradável para um reencontro de amigos.
Preste atenção na hora da valsa! Prefira escolher sempre três valsas diferentes e curtas ao invés de uma que pareça interminável. Desse modo, você favorecerá, inclusive, o resultado do trabalho das equipes de foto e filmagem, pois deixará bem delimitados estes três momentos: noivos; pais e padrinhos; todos os convidados.
Seleções com músicas de Frank Sinatra são excelentes para dançar logo após as valsas, seguidas, por exemplo, de músicas latinas ou brasileiras. Pense também em guardar alguns clássicos dos anos sessenta e setenta para abrir a pista após o jantar, ocasião onde temos a oportunidade de levar o repertório à música dos dias atuais, devendo-se, entretanto, evitar exagerar em estilos como pagode e funk, pois podem não agradar a todos os convidados.
Mudando um pouco de assunto, sabemos que atualmente, é freqüente os salões oferecerem contratos que já incluem música mecânica em seus serviços. Essa prática, ao passo que elimina uma ou outra preocupação, exclui a possibilidade de escolher uma entre várias opções. E se um músico e um DJ, grosso modo, cumprem a mesma função, podemos dizer que o fazem de maneiras bem distintas e, na maioria das vezes, complementares.
O que torna a música ao vivo interessante é o fato de um bom músico ser capaz de dar interpretações individuais e únicas a uma mesma canção. Ouvir músicas e suas diversas leituras, além de poder escolher, entre tantas formações disponíveis, a que melhor se adéqüe a um determinado tipo de evento ou espaço, são os atrativos da música ao vivo. Já a música mecânica, contratando-se um bom profissional, pode diversificar o repertório da festa, já que atualmente há músicas que simplesmente não podem ser executadas ao vivo.
Vale sempre o bom senso. Festas de debutantes são território da música mecânica e bodas de prata ou ouro determinam a presença de música ao vivo; em casamentos, ritual de passagem que pretende integrar convidados das duas partes, o melhor é optar por música ao vivo do início à metade da festa e, para finalizar, música mecânica.
Algumas dicas para escolher um bom profissional…
Escolher um profissional não é uma tarefa fácil. O mercado sempre oferece inúmeras opções e, por isso, é importante ater-se a alguns detalhes.
Um site e release bem estruturados são um bom sinal. Veja suas referências, breve histórico, fotos, vídeos de trabalhos realizados. Como em um currículo, uma apresentação organizada é sinônimo de profissionalismo e preocupação com o resultado de seu trabalho.
Em casos de festas onde as famílias sejam alemãs, armênias, italianas, judias, etc., preocupe-se em saber se o profissional tem o conhecimento desse repertório específico.
Nunca, em hipótese alguma, contrate alguém apenas por telefone. Marque uma reunião, conheça os equipamentos e a ‘cara’ de quem pretende contratar. E prefira também profissionais que demonstrem colocar o evento e a satisfação do cliente acima de seu próprio ego, isso é muito importante!
Um bom equipamento é fundamental. Lembre-se que não existem milagres quando o equipamento não é bom. Quando solicitar orçamentos, peça aos profissionais que enviem marcas e modelos dos equipamentos que estarão à sua disposição. Ainda que você não entenda deste assunto, uma comparação simples entre um e outro trabalho já poderá ser feita e, claro, você sempre poderá pedir ajuda a aquele primo ou tio guitarrista.
Música para…
Eventos Corporativos
Quem vai a um evento corporativo busca contatos para novas possibilidades de negócios e, por isso, a música neste tipo de evento deve funcionar como pano de fundo a essas circunstâncias. Uma formação instrumental de música ao vivo cumpre muito bem essa função, além de conferir-lhe um toque sofisticado.
Debutantes, Bar e Bat Mitzvà
Estes são eventos com público predominantemente adolescente e, por isso, um bom DJ torna-se indispensável e uma formação de música ao vivo pode funcionar muito bem para recepcionar os convidados. No caso de um Bar Mitzvà, deve-se verificar se o profissional a ser contratado conhece o tradicional repertório judaico.
Casamentos
Este é um evento onde diversidade é a palavra de ordem. Uma formação ao vivo que vá de jazz e bossa-nova a anos 70 seguida por um DJ que traga o repertório aos dias atuais, certamente criará a atmosfera necessária para que todos os convidados sintam-se acolhidos em algum momento da festa.
Bodas e Aniversários
São ocasiões em que o repertório escolhido deve estar em harmonia com os protagonistas da festa. Casais que hoje comemoram seus 25 anos de casados viveram intensamente os anos 70 e, os que celebram suas Bodas de Ouro, encantaram-se dançando ao som de clássicos como ‘Stranger in paradise’. É importante lembrar que esta festa é um reencontro de amigos: a música deve ser, ao mesmo tempo, suave e alegre.
Colaboradores:
André Molinero, músico
Maria Irene Molinero Brasó, professora, revisora e tradutora oficial português/espanhol